NO PAIN, NO GAIN !
Parece haver pessoas que fazem questão de criar polêmica onde não existe polêmica. Tenho a impressão que talvez queiram se parecer inteligentes ou dar relevância ao seu trabalho ao provocar comparações banais. Vejam, eu pessoalmente não conheço nenhum grande atleta do nosso anabólico esporte (musculação) que não saiba sobre a correta aplicação do volume e intensidade do trabalho e ainda assim acredite piamente na boa teoria "no pain, no gain" (sem dor, sem ganho) , senão estes atletas não seriam do tamanho que são. Por outro lado o criador da fraca teoria "less pain, more gain" ( menos dor, mais ganho) e os seus discípulos provavelmente nunca desenvolveram um físico superior à mediocridade e provavelmente, com toda a sua ciência, só conhecem as operações básicas da matemática.
A forte teoria do "no pain, no gain", para os bons entendedores, refere-se ao ponto que em perfeita forma de execução, para um dado princípio de treinamento, não se consegue mais realizar outra repetição. Isto é quando levamos a nossa musculatura à falha total e para quem sabe matemática, falha total não significa massacre total. Alguns profissionais acreditam que os adeptos do "no pain, no gain" estejam idioticamente mergulhados em massacrar e em consequência disto catabolizar os seus músculos. Se fosse assim, atletas como Omar Josef, Dorian Yates, Nasser El Sonbaty, Tommi Torvildsen e Ernie Taylor não seriam do tamanho que são.
A nossa teoria não tem nada a ver com um absurdo volume e intensidade de treino. A dor é a agradável dor imediata de um treino realizado corretamente e também a dor tardia, que ocorre provavelmente pela migração do aminoácido hidroxiprolina para as terminações nervosas.
O atleta ou um bom treinador sabe a diferença entre a dor negativa de um processo inflamatório por sobrecarga excessiva e/ou pela má técnica na execução dos exercícios e a dor desejável que é um indicativo do processo de hipertrofia. De fato, se a degradação da proteína muscular é elevada durante um treinamento de alta intensidade e ressíntese muscular, também deve ser elevada a fim de promover reparação tecidual e crescimento muscular. Evidências demonstram que treinamento de alta intensidade eleva a síntese protéica por 24 horas após o treino. Mas isto não quer dizer também que alguém possa treinar o mesmo músculo a cada 24 horas. A idéia não é promover uma quebra exagerada do tecido muscular e sim fazê-lo controladamente, enquanto se dá oportunidade para o crescimento muscular.
É por isto que os nossos atletas treinam a alta intensidade hoje e só voltarão a treinar o mesmo grupo muscular depois de 5 a 8 dias de intervalo. Alguns deles, e eu mesmo, utilizamos este processo já há mais de 15 anos e ainda não tivemos uma parada cardíaca ou sequer estamos andando de cadeira de rodas como sugerido no artigo Treine Menos e Cresça Mais veiculado em um número anterior da Muscle Inform, que ainda relaciona "no pain, no gain" com quanto mais melhor e proclama a fraca "less pain, more gain" como um dizer mais inteligente.
Se podem relacionar "no pain, no gain" com catabolismo então me dou o direito de relacionar a fraca "less pain, more gain" com aulas de tricô e crochê. Irmãos de maromba, não se importem, eles não sabem do que estão falando.
Existe a tendência de alguns profissionais em lidar com a atividade física de forma muito melindrosa. São colegas que normalmente só se apegam ao que foi publicado ou ao que ouviram no Seminário do Professor Sebastião, mas também facilmente mudarão de opinião até ler o próximo artigo ou realizar o Simpósio do Professor Mestre Pardal sendo que adotarão a nova filosofia até o Congresso com o Professor Doutor Einstein da Silva. Lembrem-se ciência é muito importante, mas nem tudo que está publicado nos periódicos científicos é boa ciência. Keep Pumping!
Waldemar Guimarães é professor de Educação Física, tendo treinado por sete anos na Temple Gym, do seis vezes Mr. Olympia, Dorian Yates. É colaborador da revista Muscle Inform e autor dos livros Musculação - Anabolismo Total e Diário Prático de Treino, etc.
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